BAOBÁS DERRUBADOS EM OLINDA
O barulho de motoserras não incomoda mais aos moradores de Jardim Atlântico que o triste som de uma centena de árvores tombando ao chão. Estudantes, professores e funcionários da Creche Escola Bartolomeu Aroucha – que várias vezes visitaram o entorno da Sementeira Municipal de Olinda para conhecer e abraçar dois baobás plantados no local – ficaram sem chão ao tomar conhecimento da devastação ambiental provocada para o alargamento do Canal do Fragoso.
A área, onde viviam saguis, tartarugas, iguanas e diversas espécies de aves, também era casa de dois baobás, um deles já derrubado. “Disseram que vão fazer uma pista”, adianta-se uma das poucas moradoras que restaram, Ladjane Pereira da Silva, de 33 anos. “Moro aqui desde que nasci e hoje vivo com meus quatro filhos”, diz a viúva, que aguarda, junto a outras duas famílias da Comunidade Beira Rio, em Jardim Fragoso, receber auxílio moradia da Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab), como aconteceu com seus dois irmãos.
Preocupada com o futuro, ela também se entristece pela perdas das lembranças do passado: “Antes mesmo da indenização querem derrubar todas as árvores, até o pé de tamarindo que minha mãe plantou”. Falecida há 10 anos, Dona Terezinha deixou de herança a árvore cuidada com carinho. A casa, avaliada pelo processo de desapropriação em R$ 20 mil, foi construída com ajuda de uma igreja depois que um incêndio destruiu a antiga moradia, de madeira.”Querem que eu saia em oito dias. Não vou sair sem esse dinheiro. Todos os outros já receberam. Deram R$ 8 mil pelas casas dos meus irmãos e como não dava pra comprar nada, eles estão recebendo auxílio aluguel, que antes era de R$200 e agora é de R$ 151″.
Adison Santos, geógrafo formado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e proprietário de um chaveiro nas imediações, preocupa-se também com outros moradores da área, despejados de maneira violenta. “Dois funcionários do Ibama estiveram aqui, mas não contabilizaram as espécies. Fizeram uma rápida amostragem apenas da árvores. Estão destruindo um reduto de animais silvestres. Uma família de 12 saguis, iguanas, diversas espécies de aves como bem-te-vis, galinhas d´água, diversas tartarugas não foram coletados para reinserção”, denuncia.
Em junho próximo, a professora de geografia Adeilma Santos, da rede municial de Olinda, não vai mais poder levar os alunos para o tradicional passeio à mata siliar em homenagem ao Dia do Meio Ambiente. A última excursão, com direito a piquenique, foi em setembro do ano passado, para comemorar a Semana da Árvore. Numa despedida não anunciada, as crianças deram um abraço simbólico ao baobá mais antigo e frondoso, que segundo a professora, deve ter cerca de 35 anos e que até a manhã desta segunda-feira ainda estava de pé. O mais jovem, plantado há cerca de 20 anos, foi destruído. “Moro em Olinda há mais de 35 anos e essa sementeira já existia. As árvores estavam aqui há muito mais tempo. É uma tristeza isso”, lamenta.
No local, o engenheiro contratado pela Construtora Ferreira Guedes para fazer a chamada supressão vegetal, Francisco Álvaro, garantiu que algumas árvores de espécies exóticas ou nativas catalogadas pelo inventário florestal, como os baobás, serão “transplantados para serem replantados em uma área a ser apontada pela Prefeitura de Olinda”. No entanto, o tronco do baobá cortado foi encontrado pela equipe do Diario aos pedaços. Com a chegada da reportagem, as motoserras calaram, mas voltaram a aterrorizar animais e pessoas no início da tarde desta segunda-feira.
Dizendo-se respaldado por um decreto de lei da Assembleia Legislativa, o engenheiro exibiu o documento de autorização da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) de número 04.14.05.002266-8 assinado em cinco de maio de 2014 por Paulo Teixeira e Fábio Torres Mendes Régis, representantes do órgão, para dar início à obra. Segundo ele, a intervenção vai beneficiar os moradores, acabando com os constantes transbordamentos do canal nos dias de chuva. Ainda de acordo com o engenheiro, o canal será concretado, serão construídas oito pontes, uma ciclofaixa e uma pista. De acordo com a assessoria de comunicação da CPRH, a licença autorizativa garante a reposição do material avaliado e a compensação ambiental a ser realizada em outra área.
A obra, que envolve os canais de Bultrins, Fragoso e Rio Doce, promete a reestruturação dos canais e a solução de problemas de saneamento, mas também toca no quesito mobilidade. Serão construídos 11 quilômetros de via para carros e ciclovias, ligando a Perimetral que leva ao Recife com a Ponte do Janga. O Serviço está sendo realizado com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
Fonte/Foto: Diário dePernambuco
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