FOGUEIRA JUNINA, UMA TRADIÇÃO PREJUDICIAL AO MEIO AMBIENTE
Alexandre Acioli
Na história do Cristianismo há o registro de que quando São João nasceu, Santa Isabel acendeu uma fogueira no terreiro da casa para avisar aos parentes e vizinhos sobre a chegada do menino. Até hoje, passados mais de dois mil anos, o gesto se repete na véspera e no Dia de São João, principalmente no Nordeste brasileiro. Aliás, a tradição também foi transferida para os outros santos juninos (Santo Antônio e São Pedro), para desespero daqueles que querem evitar o desmatamento, defendem a preservação das florestas e buscam alternativas para diminuir as emissões de gases de efeito-estufa.
Esse simbolismo do Cristianismo é repetido, anualmente. As pessoas sequer fazem uma reflexão sobre o ato e, apenas em nome de uma tradição, derrubam árvores da mata nativa, prejudicando a fauna e a flora, poluindo o ar e contribuindo ainda mais para o aquecimento global.
Em nome da tradição, quantos pés de Aroeira, Quixabeira, Mororó, Jucá, Jurema, Caatingueiro, Marmeleiro e tantas outras espécies não foram derrubados nas últimas semanas para virar fogueira? Somente no Agreste pernambucano são desmatados mais de 300 hectares de mata nesta época, segundo a ONG Natureza Viva.
Fogueiras são causadoras de grande impacto ambiental que, aliás, não se tem notícia de que já tenha sido quantificada em números a destruição causada. Mas, nem precisa, porque é perceptível nas avenidas e estradas que cortam as cidades a grande quantidade de madeira retirada de matas para a venda. Não deixa de ser um verdadeiro atentado contra a Mata Atlântica, a Caatinga, algumas áreas de brejo e até de mangue.
Nessa época, salvo uma ação de fiscalização da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) ao comércio e transporte de lenha nativa, não vimos, nem de longo, qualquer campanha dos governos (municipal, estadual e federal) para disciplinar o uso da lenha. Muito pelo contrário: há municípios tradicionais no interior pernambucano incentivando a armação de grandes fogueiras, inclusive com concursos.
Anos atrás, a cidade de Campina Grande (PB) e outras 36 Comarcas do Sertão e do Cariri paraibano proibiram, através de uma ação do Ministério Público, que fossem acesas fogueiras no São João. Quem o fizesse, estava sujeito ao pagamento de multa no valor de R$ 1 mil (à época).
Uma medida dessas seria bem vinda por essas bandas de Pernambuco. Mas como nada semelhante ocorreu, o que se espera para os festejos de São João e São Pedro, nesta terça (23) e quarta-feira (24) e nos dias 28 e 29 de junho, são muitas fogueiras ardendo, dando-nos a certeza de que foi subtraída mais uma parte do pouco verde que ainda nos resta e de que o ar estará um pouco mais poluído.
Por quanto tempo ainda teremos que conviver e assistir, em nome da tradição, uma estupidez desse tamanho?
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