OLINDA MERECE ESSA VIOLÊNCIA?
*Vereadora Graça Fonseca
Desde o final de dezembro do ano passado, quando os fins de semana da Cidade Alta começaram a efervescer por conta do Carnaval (manifestação cultural que só é comemorada oficialmente em fevereiro), Olinda tem sido vítima de violência sem medida. Inúmeras pessoas, sejam moradores ou frequentadores do Sítio Histórico, relataram a ocorrência de arrastões, brigas, assaltos, furtos e consumo de drogas, que tiraram o brilho, por exemplo, da festividade da Igreja de Nossa Senhora do Amparo.
Preocupada com a situação, cheguei a conversar com uma autoridade do setor acerca de tais fatos e, naquela ocasião, ouvi que haveria reforço no policiamento da Cidade. Porém, a cada semana, aumentam os casos de violência: famílias que ficaram presas em casas ou restaurantes da Cidade Alta, aguardando que as “galeras” que a invadem resolvam os seus problemas; turistas que têm sua máquina fotográfica arrancada das mãos por marginais quando tentam registrar o que seria a beleza da sua cultura popular; pessoas são assaltadas à luz do dia. Já está se tornando também tradição, entre os moradores, o balanço da violência nas segundas-feiras.
Nesse último domingo, dia 20 de janeiro, pude testemunhar cenas, onde as vítimas de bandidos, além de sofrer a violência física e psicológica, sentiram-se impotentes ante a ausência de policiais nas ruas da Cidade.
Fica no ar, a pergunta a ser respondida pelas autoridades competentes: Olinda merece essa violência?
Conhecida mundialmente pelo seu Carnaval, começa a ter seu nome citado, de forma negativa, não só pela imprensa, mas pelos seus moradores e visitantes. Segurança pública é dever do Estado e direito do cidadão. Não se pode, portanto, aceitar a ocorrência de tais fatos.
Torna-se evidente que é necessário repensar o período pré-carnavalesco de nossa Cidade. Não é aceitável que Olinda venha a ser invadida por pessoas que não têm nenhum comprometimento com a história e a cultura da Cidade, deixando aqui só vandalismo, sujeira e violência. Não consigo entender qual o lucro ou benefício que a Cidade tem com tal panorama.
Pelo atual quadro, a nossa Marim dos Caetés será rejeitada pelo cidadão de bem, dando guarida, apenas, à presença de meliantes e bandidos.
Vamos discutir o nosso Carnaval. Olinda não merece, por sua posição histórica e cultural, ser tratada de tal forma. A preservação de seus valores tradicionais, entre eles um Carnaval limpo, familiar e, primordialmente, ordeiro mesmo com toda sua irreverência, tem que ser mantida.
Vamos buscar resgatar a paz nas ladeiras para que nossa Cidade possa continuar com o título do melhor Carnaval popular do Brasil.
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